segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

COMUNICADO!!



Após uma eternidade sem mexer nem postar nada, o blog com tema sobre dinossauros irá voltar. O blog atual será desativado e suas matérias serão revertidas em novo endereço http://dinomundosauro.blogspot.com.br/2015/02/tiranossauro-rex.html onde já constam matérias sobre o T-Rex e o Triceratops. Conto com a compreensão e atenção.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Apatossauro


Arte de Charles Robert Knight (1897)
Faça uma enquete: Pergunte a qualquer criança qual dinossauro herbívoro elas gostam mais. Provavelmente não saberão dar o nome exato, mas saberão descrevê-lo perfeitamente; alto como uma casa, comprido igual um caminhão, pesado como um elefante. Simples, porém, objetivo. 








Quando Othniel Charles Marsh apresentou-o ao mundo, ninguém imaginava que pudesse haver algo que superasse o Apatossauro. Era simplesmente gigante; da cabeça a cauda media 23 metros. Alto o suficiente para meter a cabeça pela janela do 3º andar. As pernas se pareciam com colunas cilíndricas e a cauda, como o tronco grosso de árvore. Seu peso foi calculado em algo entorno de 36 toneladas – mais ou menos 10 elefantes. Um animal no todo enorme, mas que no fim da extremidade do longo pescoção, trazia uma pequenina cabeça, tão cômica quanto os braços do T-Rex. Apatossauro significa "Lagarto Falso". 









A espécie descrita por Marsh, Apatosaurus Ajax. O espécime faltando as partes, NSMT-PV 20375, é o material original. Abaixo, o exemplar completo.




FAMA




Devido à descoberta de espécies ainda maiores – tais como o Braquiossauro, Argentinossauro, Seismossauro – o Apatossauro ficou meio eclipsado – pra não dizer totalmente apagado. Não é tão conhecido de documentários, sendo mais popular em filmes antigos. Todo saurópode que você vir naqueles filmes preto e branco, pode ter certeza, é um Apatossauro. O Mundo Perdido (The Lost World, 1925) apresentou uma equipe expedicionária indo ao coração da Amazônia venezuelana, onde num platô acabam descobrindo uma colônia de formas de vida primitivas. Era um tema muito popular no início do século passado e havia quem acreditasse na existência de dinossauros vivos habitando esses planaltos – claro, esses platôs não haviam sido devidamente explorados. King Kong de 1933 também apresentou um Apatossauro. Este, porém, possuía um temperamento agressivo, chegando mesmo a devorar um humano. No livro Jurassic Park, é o Apatossauro o primeiro dinossauro que todos vêem logo de cara. Desconheço se houve um motivo oficial para terem-no substituído. Imagino que foi justamente a questão de apresentar uma espécie ainda maior que o Apatossauro.
Apesar de distante do posto de maior animal terrestre, foi e continua sendo, sem sombra de dúvida, um dos mais populares dinossauros, retratado numa infinidade de filmes e desenhos. Um que podemos destacar é o clássico de Hanna-Barbera Dinoboy (1966). Um menino (Todd) salta de para-quedas de um avião em chamas, aterrissando numa floresta sul-americana, onde dinossauros - e outros animais extintos - viviam. Sem ter como fugir, passa a viver ali, junto de Ugh (um homem das cavernas) e Bronti (Bronty) um filhote de Apatossauro criado como mascote.







Quem ai se lembra desse dinossaurinho?








Certeza que ninguém da nova geração sabe o nome, mas a velha guarda dos anos 80/ 90 reconhece Littlefoot, um filhote de apatossauro e um dos protagonistas do filme Em Busca do Vale Encantado (The Land Before Time, 1988). Assistia esse filme de deixar o videocassete fervendo - no tempo ainda das fitas VHS, putz, como o tempo passa. Não vão pensando que se trata de mais uma historinha trazendo dinossauros como tema. A animação não é um retrato fiel de algum período mesozoico, nem essa era a intenção. Ao mesmo tempo que divertia também abordava temas sérios de nossa sociedade; a dor de uma separação inesperada, ser capaz de continuar enfrente, o valor da amizade, mostrar cooperação. Valores cada vez mais perdidos e que vale a pena revivê-los. Fez tanto sucesso que garantiu uma série animada de 26 episódios. Deixo aqui a música de encerramento do filme Se Mantivermos Juntos (If We Hold On Together). 







Marsh Vs Cope
O segundo personagem fictício de maior destaque, foi criação do próprio Marsh, embora o mesmo não tivesse a menor ideia disso. Resumindo a história, houve uma época em que Othniel Charles Marsh e Edward Drinker Cope eram bons amigos. Não eram amigos do tipo que cresceram no mesmo bairro. A amizade dos dois era do tipo que se forma na escola ou trabalho. Não tardou e ambos resolverem entrar numa disputa para ver quem era capaz de coletar e nomear mais espécies de dinossauros. Inicialmente os dois levavam tudo na brincadeira. O tempo foi passando, e a coisa evoluiu, chegando ao ponto dos jornais noticiarem escândalos de propina, difamação e ameaças das mais variadas.



Ao centro Marsh. Detalhe para o equipamento de paleontologia
empunhado pelos membros de sua expedição.
Certo dia, Marsh fazia escavações quando se deparou com o que supunha ser uma nova espécie (na verdade era um Apatossauro). Tinha todo o corpo, porém, faltava à cabeça. Isso não impediu Marsh, que pensou: Ora bolas, que mal há em providenciar uma cabeça, só falta isso para poder anunciar minha descoberta ao mundo!! Assim ele prosseguiu com o plano, pegou o crânio de um Camarassauro e colocou-o no corpo do seu achado, exibiu-o a comunidade cientifica e mídia geral. Quando indagado qual era o nome, Marsh respondeu; Brontossauro, o Lagarto Trovão. De imediato seus opositores, especialmente Cope, disse tratar-se duma farsa, e que a cabeça pertencia ao Camarassauro. Marsh insistiu tratar-se duma espécie autêntica. No fim teve de reconhecer o erro. Ele só não imaginou o impacto que o nome Brontossauro teria. Chegou mesmo a eclipsar o nome verdadeiro. Ainda hoje muita gente continua a chamá-lo pelo nome errado. O final da contenda entre Marsh e Cope não foi dos mais felizes. Havendo esgotado suas fortunas ao longo da corrida pelos ossos, os dois só não acabaram na miséria total por pura sorte. 





INIMIGOS


Manada de Apatossauros observada por um Ceratossauro




É pouco provável que o Apatossauro fosse importunado. A vantagem de ser grande é não se preocupar com algo que possa comê-lo. Adultos não tinham nada a temer do Ceratossauro. A constituição física desse terópode o fez para caçar pequenos animais. Provavelmente rondava as manadas, de olho nos enfermos e filhotes desprotegidos. Já o Alossauro era outra história. Dois ou três representavam uma força a se considerar.





A principal defesa do Apatossauro era seu notável tamanho. Ninguém em sã consciência tentaria atacar um bicho que facilmente podia achatá-lo. Se isso não bastasse para desencorajar seus atacantes, ainda poderia usar sua cauda como um chicote. Por fim, e não menos importante, o fato de serem animais sociáveis também funcionava como defesa. Atacar um grupo é bem mais difícil do que investir contra um alvo solitário. No geral, o Apatossauro deve ter se preocupado pouco, gastando 20% do tempo com a vigília, dedicando maior parte do tempo a pastar na copa das árvores.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Velociraptor


Quando ouvimos a palavra velociraptor, nós, de forma instintiva, associamos o nome com a imagem desse animal.


Não somos culpados. Crescemos com aquela imagem clássica do dinossauro de feições reptilianas, armado de astúcia e uma terrível garra assassina que estripava e retalhava tudo ao mais leve toque. A velha guarda, com certeza, há de se lembrar dos terríveis raptores de Carnosaur (1993) Carnosaur 2 (1995). Cult dos anos 90, filmes do gênero terror a altura dos de Quentin Tarantino, bom de assistir de luz apagada, à noite, sozinho. A violência de cada ataque, a forma como puxavam e despedaçavam - o som de ossos sendo esmagados - era agoniante. Os filmes foram levemente baseados na obra literária Carnosaur (1984) de John Brosnan. Levemente porque alteraram certos aspectos contidos no livro. Os raptores do livro, por exemplo, eram Deinonychus. Mas pelo fato da espécie ser pouco conhecida do público - comparado ao Velociraptor - o nome foi alterado.
Voltando ao tema, nossa visão do Velociraptor - criada com ajuda da mídia - ficou permanentemente irremovível, gravada a ferro e fogo em nossas mentes. Mesmo que os atuais paleontólogos já tenham dito que é um erro, falso, incorreto, não condiz com a realidade, (etc). Se em Jurassic Park o raptor de quase dois metros de altura fosse um anão coberto de penas, até Tim Murphy se sentiria valente para peitar o bicho.
A realidade, como sempre, nunca é aquilo que tomamos por certeza. Segundo os paleontólogos, eis o verdadeiro Velociraptor:




Não intimida tanto quanto nos filmes. Contrário os três metros de comprimento do focinho a calda da versão fictícia, o verdadeiro apresentava dimensões mais modestas, entorno de 2 metros. Os raptores de Hollywood costumam ser de alta estatura, suficientes para encarar um humano nos olhos. O Velociraptor real era alto o bastante para morder um humano na virilha. Os raptores fictícios aparentam pesar acima dos 100 kg. O verdadeiro era um peso mosca; 15-20 kg. A visão do animal de pele escamosa e aparência reptiliana foi parcialmente substituída. Essencialmente ainda era um dinossauro. Um dinossauro com penas. Estavam presos a terra - não podiam voar - porém essa característica  o colocava mais próximo aos pássaros. De fato, no meio científico, virou unanimidade os dinossauros serem associados ao grupo das aves.



SEMELHANÇA COM AS AVES



Casal de Pardais
Não é um pensamento errôneo achar o Velociraptor um protótipo de ave em processo evolutivo. Os paleontólogos apontam evidências que confirmam a estreita ligação com as aves

(1) Ossos ocos.
(2) Sangue quente. Indica que eram animais ativos. Também é uma teoria quase unanime entre os paleontólogos que os dinossauros em geral, tinham sangue quente.

(3) Penas. Essa evidência vem do estudo de um antebraço de raptor, onde viam-se claramente pontos onde as penas se ligavam. Não era uma penugem tão exuberante quanto a do pavão, mas de certo revestia seus corpos. 





O provável aspecto das crias recém-nascidas(destaque para a penugem)



GARRA TERRÍVEL

A sórdida arma de matar do raptor. Localizada no segundo dedo de cada pé, uma garra em formato de foice de 12 cm. Usadas na caça, com a presa acuada iniciavam o ataquem em massa, saltando de todas as direções por sobre a vitima, visando as zonas mais desprotegidas, rasgando com selvageria garganta e barriga de modo a expor os órgãos. Essa maneira bruta de matar perdurou durante anos como sendo fato, porém, uma visão mais detalhista mostrou não ser bem assim. Embora tenha uma aparência abominável a função da Garra Terrível como uma indiscriminada ferramenta de evisceração é falso. A parte interna - especificamente a borda - era arredondada. No documentário  The Truth About Killer Dinosaurs - A Verdade Sobre os Dinossauros Assassinos - criou-se uma Garra Terrível mecânica e testado seu poder de destruição em uma carne de porco. O teste mostrou que a garra podia perfurar - não rasgar - a pele e atingir a carne. Isso significa que o Velociraptor pode ter usado sua Garra Terrível como um gancho, se prendendo a sua vitima em luta enquanto a machucava. 



COMPORTAMENTO


Velociraptores em comportamento de caça. O terceiro indivíduo ao fundo bloqueia a rota de fuga do grupo de Protoceratops.



Em um aspecto, pelo menos, o Velociraptor real compartilhou com sua versão de cinema; a inteligência desenvolvida. Não foi um expert capaz de usar galhos ou pedras como ferramentas, ao estilo dos chimpanzés, mas era esperto o bastante para organizar incursões e coordenar ataques, separando um membro mais jovem, velho ou doente. Datado do Cretáceo, na região que hoje corresponde a Mongólia - China - viveu lado a lado com o pequeno ceratopsídeo Protoceratops e o blindado Pinacossauro - os quais podem ter servido de alimento. Devido seu armamento - couraça e porrete ósseo - Pinacossauros adultos devem ter sido evitados, sendo focados os jovens.





Pesando até 180 kg, o Protoceratops era um páreo duro para qualquer Velociraptor. A cabeça era a principal arma de defesa; larga e massuda podia servir como um ariete. A boca possuía forma de bico-de-papagaio. Poderoso para esmagar a dura vegetação da qual se alimentava, também devia ser útil na auto-defesa. Um escudo ósseo em formato de leque, protegia a parte detrás da cabeça bem como do pescoço. Este mini-tanque de guerra não entregava a luta frente a ameaça e o Velociraptor teria que fazer por merecer sua refeição.



LUTA






Como se deu o encontro entre os dois é puramente especulativo. A cena, entretanto, é bastante clara: com as costas contra o chão, o Velociraptor agarra a cabeça do Protoceratops, como que querendo impedi-lo de se aproximar. Nota-se a Garra Terrível do pé esquerdo na região da barriga, indicando que o raptor desferia chutes violentos. O Protoceratops abocanhou uma das mãos de seu algoz ao mesmo tempo que continuava a pressiona-lo contra o chão, na tentativa de esmagar-lhe o tórax. A natureza reservou uma reviravolta cruel para ambos. Uma tempestade de areia enterrou os combatentes, suspendendo a luta em definitivo. Essa relíquia mesozoica, achada em 1971 por uma expedição polonesa, é o único testemunho de como o Velociraptor - bem como outros dinossauros - devia usar seu armamento. O vilão de Jurassic Park estava longe de ser como o animal apresentado nos filmes, porém, era mais que letal para as formas de vida contemporâneas. 



CURIOSIDADES



  • O Velociraptor não é o mais antigo membro da família dromaeosauridae. Dentre os representantes mais conhecidos, ele perde para uma das espécies norte-americanas.

Velociraptor mongolienses (1923)
Dromaeosaurus albertensis (1922)
Deinonychus antirrhopus (1969)
Utahaptor ostrommaysorum (1993)

Então porque a fama dele obscurece os demais? Justamente por sua retratação em Jurassic Park; um vilão inteligente, frio e calculista. No livro de mesmo nome, escrito por Michael Crichton, sua letalidade é ainda maior.

  • Em documentários estreou em Dinosaur Planet (2003) episódio 1 White Tip Journey – A Jornada de Ponta Branca. Posteriormente apareceu no episodio 2 de The Tuth About Killer Dinosaur (2005), onde os cientistas testam quem – Velociraptor ou Pinacossauro – tinha mais chances de vencer.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Espinossauro



Pegue um crocodilo e de-lhe uma postura bípede, alongue-o até atingir o comprimento de uma carreta. Em seguida, confira a ele uma singular vela que lhe percorra as costas. Parabéns, você acaba de recriar um dos carnívoros mais impressionantes que já pisaram na Terra. Se o T-Rex é o golias norte-americano, este é um titã africano. Como Billy Brennan enfatizou em Jurassic Park III; "É um Super-predador".



   


Nome Científico: Spinosaurus Aegyptiacus
Tamanho: entre 12 e 18 metros
Peso: 9 a 12 toneladas
Regime alimentar: carnívoro
Onde viveu: Egito (Spinosaurus Aegyptiacus)
            Marrocos (Spinosaurus Maroccanus)
Período: Fim do Cretáceo inferior (Albiano) e início do Cretáceo superior (Cenomaniano)




Por volta de 1912, Ernest Freiherr Stromer Von Reichenbach, um destacado paleontólogo alemão, rumou junto a sua equipe para realizar escavações no Oásis de Bahariya, Egito. Lá Ernest fez descobertas interessantes, desenterrando e nomeando parte do que deviam compor parte de um ecossistema a muito perdido. Dentre os espécimes descobertos constavam o estranho Stomatosuchus e o pacífico Aegyptossauro, o terópode Carcharodontossauro e o Bahariassauro. Houve ainda mais um achado. Um em particular diferente do que já se conhecia. Uma criatura de corpo incompleto, porém, com um nome; Spinosaurus Aegyptiacus, o Lagarto Espinho Egípcio (devido a longas prolongações ósseas da coluna vertebral, as maiores medindo 2 metros de altura). O pouco material fóssil bastou para reconhecer os traços de um predador, ainda maior do que o T-Rex. Infelizmente Ernst não teve sorte no que diz respeito a conservação de seus achados, exceto por desenhos e explicações detalhadas, nada mais sobrou.
Pode-se atribuir a Ernst a alcunha de sortudo mais azarado, isso porque o material dos exemplares que descobriu e nomeou, e que posteriormente foram levados para serem exibidos no museu de Munique, Alemanha,  foram destruídos nos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial. 







Ilustração detalhada dos ossos que compunham  a vela do Espinossauro.






TAMANHO




Atualmente detém o posto de maior dinossauro carnívoro, com um tamanho máximo de dezoito metros tendo seis metros de altura.  Quanto a seu peso, por se desconhecer todo o esqueleto fóssil completo, deram estimativas baseadas em terópodes sem nenhum parentesco com o Espinossauro, resultando pesos na ordem de 20 toneladas. Esse valor foi revisto e hoje pensa-se que seu peso devesse rondar 9-12 toneladas.
Dale A. Russell
A espécie nomeada por Stromer é a nais popular, muito embora exista uma segunda chamada Spinosaurus Maroccanus (O Lagarto Espinho Marroquino), batizada por Dale A. Russell, em 1996. Segundo Russell, o que distingue este do espécime de Stromer é a altura do centrum - corpo de vértebra (1,1 m no Spinosaurus Aegyptiacus contra 1,5 m do Spinosaurus Maroccanus). Muito embora aponte, a princípio, diferenças anatômicas, não quer dizer que se trate efetivamente de duas espécies distintas. Assim como nem todos os leões machos possuem jubas, indivíduos Spinosaurus Aegyptiacus podem ter tido variações quanto a tamanho/ comprimento.
Apesar de grande e com uma fama em ascensão, existe muito pouco material fóssil do animal, destacando-se entre os espécimes coletados 6: 









Rara fotografia do achado de Stromer

BSP 1912 VIII 19: Descrito por Stromer em 1915, consistia de um conjunto fragmentado de 40 partes: 
mandíbula inferior medindo 75 cm de comprimento
20 dentes
2 vértebras cervicais 
7 vértebras dorsais
3 vértebras sacrais
1 vértebra caudal
4 costelas
Ossos da Gastrália.




NMC 50791: Descrito por Russell em 1996. Guardado no Museu da Natureza Canadense, trata-se duma vértebra cervical medindo 19,5 cm, resgatada das jazidas de Kem Kem - Marrocos. O espécime em si pertence ao S. Maroccanus. Outras duas vértebras cervicais (NMC 41768 e NMC 50790), um fragmento dentário anterior (NMC 50832) um fragmento dentário do meio (NMC 50833) e um arco neural dorsal anterior (NMC 50813) também são creditados ao  maroccanus. A espécie gera tanta polêmica quanto o Nanotirano - hoje pensado para ser um jovem T-Rex. Enquanto uns aceitam o S.maroccanus como uma espécie distinta, outros o colocam como um sinônimo junior do S. aegyptiacus.



MNHN SAM 124: Propriedade do Museu Nacional de História Natural - Paris. Descrito por Taquet e Russel, em 1998, um focinho composta de premaxila parcial, maxila parcial, võmer e fragmentos dentários. Media 13,4 a 13,6 cm de largura. Vindo da Argélia, foi estimado da época Albiana. Taquet e Russell acreditavam que o espécime pertencesse ao S. Maroccanus.


BM231: Guardada na coleção do Instituto Nacional de Minas, Tunis, descrito por Buffetaut e Quaja em 2002. Um fragmento de dente anterior de 11, 5 cm, datado do Albiano inferior, Formação de Chenini - Tunísia. 


UCPC-2: Mantido na Coleção Paleontólicada Universidade de Chicago, consiste de dois ossos nasais estreitos conectados com uma crista sem crânio que ficaria entre os olhos. O comprimento é de 18 cm. Datado do início do Cenomaniano. 


MSNM V4047: Este último permanece no Museu de História Natural de Milão, tendo sido descrito por Dal Sasso e colegas em 2005. Composto de focinho com premaxila parcial e ossos nasais parciais, mede um total de 98,8 cm de comprimento. Resgatado das jazidas de Kem Kem. Como o UCPC-2, acredita-se que seja originário do Cenomaniano.






VELA



Sem sombra de dúvida, a parte mais chamativa de sua anatomia. O observador que desviasse a atenção para as costas desse animal, veria longas prolongações vertebrais da coluna, envoltas por pele, semicircular, tão altas quanto uma pessoa. Tal como a juba dos leões, a função exata dessa estrutura ainda é tema de debate. Podemos descartar seu uso numa luta - além de estarem no lugar errado eram demasiadamente frágeis. Dentre as possibilidades, três são as mais plausíveis:  



  • Pode ter servido para regulagem de temperatura; captação de calor - nas primeiras horas da manhã - ou resfriamento - nos dias mais abafados. 
  • Pode ter sido usada durante a corte - o sangue circularia mais intensamente nos canais que percorriam a estrutura, criando um espetáculo visual semelhante ao dos pavões.  

  • Pode ter servido como alerta; adquiriria cores berrantes para intimidar rivais - reivindicando fêmeas ou territórios - ou  assustar outros predadores.



Espinossauro escorraçando um Deltadromeus.





PISCÍVORO?



Assim como os críticos olham para os braços do T-Rex para invalidar a teoria de caçador, no Espinossauro foi sua cabeça que levantou questões sobre sua dieta. Aquilo lá não podia matar nada mais do que peixes. De fato as mandíbulas do Espinossauro não era como a da maioria dos terópodes, de aspecto bruto; eram compridas e finas parecidas com as do Gavial, espécie de crocodilo atual que habita os cursos d'água da Índia.





(crânio de Gavial. Dieta exclusivamente de peixes)





(crânio de Espinossauro)
(A estrutura da mandíbula, bem como o tipo de dente, sugere alimentação a base de peixes)


A compreensão do habitat do Espinossauro reforça, a princípio, a teoria de hábitos piscívoros. Grande parte do que hoje forma o Norte da África, durante o Cretáceo, era composto de pântanos e manguezais, um ecossistema rico em crocodilos, tartarugas e peixes. Isso significa que o poderoso Espinossauro pode ter passado grande parte do tempo sondando as águas. Essa tese não é unanime entre os paleontólogos pelo seguinte; animais que vivem dentro ou próximo a água (como lontras ou crocodilos) possuem corpos adaptados para a locomoção, e não há, por enquanto, provas de que o Espinossauro tivesse tais adaptações.





Pata de Lontra de Rio.







Pata de Crocodilo.




Esqueleto de Espinossauro.






Pode ser que ao invés de "nadar" ele permanecesse parado em pé, próximo a margem 
(imagem do documentário Planet Dinosaur)




CONCORRÊNCIA



Datado das fases Albiano e Cenomaniano, do Cretáceo, o Espinossauro teria dividido seu mundo com outros predadores de topo: Carcharodontossauro, Sauroniops e Deltadromeus. A concorrência, a princípio, o teria empurrado para a água, onde o Espinossauro teria subsistido a base de peixes. 





Mohamad Haghani retrata uma possível coexistência pacífica entre predadores. Espinossauro pescando um Onchopristis, enquanto dupla da Carcharodontossauros se banqueteia com um Ouranossauro.





Essa é a opinião dos paleontólogos. Opinião não unanime, e eu concordo com os que duvidam. Como opinião pessoal, acredito que o Espinossauro foi sim um Superpredador.

1 Superpredadores normalmente - a exceções - possuem tamanho avantajado, que funciona tanto como proteção - intimidação - como para caça de grandes animais. 

2 Superpredadores não estão restritos a um determinado nicho ecológico. O Espinossauro pode ter variado entre terrestre e aquático, dando preferência a presas mais abundantes em períodos específicos. 

3 Superpredadores são caçadores generalizados - ou seja, caçam tudo o que conseguem apanhar. Seria plenamente capaz de caçar Ouranossauros e Aegyptossauros, assim como pescar peixes, tais como Mawsonia




MÍDIA


Fez sua estréia nas telonas dos cinemas em Jurassic Park III, de 2001. Exclusivo do filme - pois a espécie não aparece nas obras literárias de Michael Crichton - o gigante de barbatana, em uma luta épica, contracena com o astro dos dois primeiros filmes da franquia Jurassic Park - o T-Rex - tendo ao final emergido vencedor, quebrando o pescoço do lagarto tirano. A partir daí resolveram explorar sua imagem. Em 2007 apareceu na série britânica Primeval. O primeiro documentário em que estreou foi em Monsters Resurrected, de 2009. Aqui é visto como um predador de topo, sobrepujando quaisquer rivais - é desnecessário dizer o quanto forçaram no mérito de super-predador, deram ao Espinossauro um nível de invencibilidade igual o T-Rex (em posts futuros falarei disso). Em Planet Dinosaur de 2011, o Espinossauro é visto ignorando uma manada de Ouranossauros, indo pescar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Carcharodontossauro









Os primeiros restos desse monstro remontam no início do século passado e foram um verdadeiro quebra-cabeça. Numa expedição ao Norte da África, em 1927, Charles Deperet (retrato a esquerda) e J. Savornin acabaram topando com estranhos dentes. De imediato puderam concluir dois fatos: eram dentes de uma espécie animal extinta, um dinossauro. E a julgar pelo tipo e formato, um dinossauro de regime alimentar exclusivamente carnívoro. Pesquisaram e viram que não pertencia a nenhuma espécie conhecida. Estavam diante de um novo achado. Por só dispor desse material (que posteriormente foi perdido) batizaram o bicho de Megalosaurus Saharicus. Mesmo alegando a falta de mais partes, diria que faltou um pouco de criatividade na hora de nomeá-lo. Quatro anos depois, o paleontólogo alemão Ernst Stromer Von
Ernst Stromer Von Reichenbach
Reichenbach teve mais sorte ao descobrir fragmentos de ossos junto a mais um punhado de dentes. Renomeou o achado de Charles e Savornin, batizando-o de Carcharodontossauro, o 
Lagarto com Dentes de Tubarão. Infelizmente esse achado teve vida curta nas mãos de Reichenbach, pois ao ser levado para o museu de Munique, Alemanha, acabou destruído nos  bombardeios da Segunda Guerra.
O animal só sairia dos escombros do esquecimento em 1995 (coisa de dezenove anos atrás). Dessa vez uma nova safra de paleontólogos rumou até o deserto do Marrocos, onde Paul Sereno e sua equipe descobriram os restos fossilizados do crânio. Enfim o mundo poderia apreciá-lo.













TAMANHO


Um terópode de tamanho avantajado, alcançou 15 metros de comprimento (sendo pouco maior que o T-Rex). De altura teria tido 4,60 e pesado algo em torno de 8 toneladas. 






Comparação do Crânio do Carcharodontossauro com o de um humano. Modesto não?






O paleontólogo Paul Sereno junto ao crânio do monstro marroquino.






Assistidos por uma profusão de pterosssauros Alanqa, uma dupla de Carcharodontossauros se une para levar o caos a manada de Aegyptossauro e separar um jovem. 







O comportamento predatório do Carcharodontossauro é suposição. É visível, porém, que possuía os armamentos necessários a caça. Em muitas retratações lhe é dado um padrão de manchas, sugerindo que ele tocaiava suas presas em locais de farta vegetação próximo a bebedouros ou florestas. Faz sentido terópodes grandes terem adotado tal comportamento, uma vez que emboscar compensava a pouca resistência em perseguições. Os grandes predadores modernos (a exemplo o leão) também dispõem de camuflagem. Entre suas presas deviam constar o Ouranossauro, o pescoçudo Aegyptossauro e o colossal Paralititan.




INTERAÇÕES:

Carcharodontossauro reivindica a caça perante um audacioso Deltadromeus






O retrato de uma possível contenda: Carcharodontossauro disputando a presa com o Espinossauro




MÍDIA


Finalmente, os paleontólogos perceberam que no mundo havia outras espécies carnívoras além do T-Rex, e começaram dar a chance de fazer aparições em documentários. A primeira aparição do Carcharodontossauro foi em Monsters Resurrected (2009). Não foi uma estréia lá das melhoras porque acabou nocauteado - morto - por um Espinossauro (diga-se de passagem, exageraram demais ao colocar o Espino tão forte). Posteriormente apareceu em Planet Dinosaur (2011), dessa vez como um oponente a altura, com direito a revanche contra o Espinossauro.


sábado, 24 de novembro de 2012

Tiranossauro Rex



O mito, o ícone, a lenda. Descoberto em 1892, de lá para cá adotou pelo menos dois nomes antes do definitivo. Edward Drinker Cope o chamou de Manospondylus gigas. Oito anos depois, 1900, Barnum Brown achou outro espécime mais completo, e resolveu batizá-lo de Dynamosaurus imperiosus. Apesar de legalzinho, não era um nome condizente com o status do Rei. Imaginemos os documentários atuais ouvindo o narrador a todo tempo chamando o bicho de Dynamosaurus. Com o tempo, o nome que devia inspirar assombro seria motivo de chacota. Por Fim, em 1905, Henry Fairfield Osborn cunhou o nome vencedor que imortalizaria a criatura: Tyrannosaurus Rex! O Rei dos Dinossauros, Rei dos Repteis Tiranos, o Lagarto Tirano Rei. Impactante, forte, bonito. Compatível com a magnificência do animal, quase todas as pessoas no mundo ouviram falar no T-Rex e quase todas as crianças (no qual me incluía) o tinha como preferido.



Crânio do T-Rex


ESQUELETO DO T-REX; DESTAQUE PARA A APARÊNCIA TRUCULENTA.


APARÊNCIA


OS OLHOS POSICIONADOS DE FRENTE
E BEM NO ALTO DA CABEÇA, SUGEREM
BOA VISÃO.
Mesmo quem olhe pela primeira vez, saberia dizer o que é esse animal. Um peitoral largo compacto de um lutador, pescoço grosso e musculoso eficaz na absorção de impactos, pernas fortes e musculosas, cauda longa que servia de contrapeso durante as corridas; e a cabeça, sem duvida a parte mais terrível de seu arsenal, armada com um dos maiores dentes do reino animal, alguns chegando a 14 centímetros, ligeiramente encurvados para trás, os poderosos músculos das mandíbulas, contribuindo para exercer uma força de + de 1 tonelada sobre o que quer que viesse a morder.








TAMANHO


O tamanho do Rei variou muito ao longo de mais de um século de sua descoberta, aumentando e encolhendo. Em livros antigos como Naturama, numa rápida passagem, é descrito como tendo 18 metros de comprimento e incríveis 30 toneladas. Essas medidas exageradas foram estimadas nos primeiros anos após sua descoberta, embasados em indivíduos não tão bem preservados. Atualmente, as medidas do Rei são bem mais modestas; 13 metros de comprimento, 5 metros de altura, tendo algo entre 8-9 toneladas. Isso o coloca na 4 posição entre os maiores terópodes (atrás do Espinossauro, Carcharodontossauro e o Giganotossauro). É digno de menção ressaltar os indivíduos mais populares já descobertos para se ter uma melhor noção do real tamanho. 




CM 9380: Foi o primeiro espécime usado para descrever formalmente o T-Rex. Seus restos foram encontrados em 1902 por Barnum Brown, curador assistente do Museu Americano de História Natural. Reconstruído em anos recentes, mede 11,9 metros com um peso estimado de 7,3 toneladas, muito embora outros estudos sugerem menores valores de peso. Em 1941, com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o espécime foi vendido para o Museu Carnegie de História Natural em Pittsburgh, para a proteção contra possíveis ataques aéreos, permanecendo lá até hoje.



AMNH 5027: Também descoberto por Barnum Brown em Montana, em 1908, e descrito por Osborn em 1912 e 1916. Mede 11,8 com um crânio completo de 1,36. Seu peso foi calculado em seis toneladas.









RTMP 8161: O Black Beauty – Beleza Negra – encontrado em 1980 por Jeff Baker, é um dos mais bem preservados T-Rex, havendo reproduções do mesmo espalhadas pelo mundo. O apelido deriva da belíssima cor escura brilhante dos ossos, que ocorreu durante a fossilização pela presença de minerais na rocha circundante. O espécime está guardado no Museu Real Tyrrell, em Drumheller - Alberta, Canadá.  É considerado o menor de todos os espécimes de T-Rex adultos, com algo entorno de 10-11 metros.



MOR 555: Achado por Kathy Wankel, em 1988, numa ilha no Charles M. Russel National Wildlife Refuge de Montana. Este espécime foi escavada por uma equipe do Museu das Rochosas, liderados pelo paleontólogo Jack Horner, com a assistência de Army Corps Of Engineers. Informalmente chamado de "Wankel Rex", tem 85% do esqueleto, incluindo o crânio. Teria 18 anos quando morreu – o que para os padrões dos T-Rex, o classificava como adulto, porém, ainda não teria atingido todo seu máximo tamanho. Tem um comprimento estimado em 12.6 metros e um peso de cerca de 6,3 toneladas.




FMNH PR2081 a famosa Sue: Achado por Susan Hendrickson, do Instituto Black Hills, na Formação Hell Creek, perto de Fé, Dakota do Sul, em 12 de agosto de 1990. Este espécime em particular rendeu uma briga das boas sobre quem de fato era seu proprietário.
Pra começar o terreno onde o fóssil foi descoberto ficava dentro da Reserca indígena do Rio Cheyenne, ocupado pela família de Maurice Williams, um nativo americano da tribo Sioux. Em 1992, o olho gordo de Williams (e de toda a tribo Sioux) falou mais alto e ele se apresentou como dono do fóssil. O Instituto Black Hills não ia aceitar calado a sacanagem e em defesa alegou ter comprado o espécime por uma soma de cinco mil. O fóssil, como muitos milhares de páginas de notas de campo e registros de negócios, foi confiscado pelo FBI, em 1992, e mantido guardado durante todo o processo judicial que se seguiu. Em 1997, a ação deu causa favorável a Maurice Williams porque sua terra é tecnicamente realizada em confiança para ele pelo governo dos Estados Unidos. Portanto, embora o Instituto Black Hills tenha pago Williams pelo fóssil, foi julgado que o fóssil poderia ser considerado "terra". Eu já penso o seguinte: se o instituto tivesse feito descobertas sem nenhuma relevância, Williams nem se incomodaria em pedir que fizessem menção do lugar onde foi achado. Mais tarde, Williams leiloou Sue em Nova York, onde foi vendido para o Museu Field de História Natural, em Chicago, pela ninharia de US $ 8,4 milhões - Dinheiro, mestre de todos os povos. A preparação de Sue foi concluída no Museu Field e seu esqueleto foi colocado em exibição em 17 de Maio de 2000.
Mais de 90% do esqueleto foi recuperado, o que permitiu uma primeira descrição completa de um esqueleto de T-Rex. Tem um comprimento estimado de 13 metros e em vida, teria pesado algo entre 6-9 toneladas. 
Sue é o equivalente Rambo dos T-Rex, tendo vivido por volta de 28 anos – o apogeu para a espécie. Longe de ter tido uma vida fácil, este espécime carrega em seu histórico fóssil uma lista de deformações, decorrência de interações com outros T-Rex e doenças patológicas:

  • Lesão no ombro direito.
    Crânio de Sue marcado pelos rigores da vida
  • Tendão do braço direito rasgado
  • Três costelas quebradas (essas lesões se curaram sozinhas).
  • A fíbula esquerda tinha duas vezes o diâmetro da direita (suspeita de infecção)
  • Os buracos na parte da frente do crânio foram atribuídos as mordidas de outro T-Rex. Hoje, porém, pensam-se ser resultado de infecções de parasitas.
  • Vértebras da cauda fundidas, evidência de artrite.
  • Possivelmente tenha sofrido de gota.

Notavelmente, o animal não teria morrido de nenhuma dessas causas.  Talvez a idade avançada e as lutas tenham derrubado esse titã. Quem sabe...




BHI 3033 (Stan): Encontrado por Stan Sacrison, em 1987, na Formação Hell Creek, em Dakota do Sul, perto de Buffalo. Destaca-se dos demais espécimes até então descobertos pelo grande número de ossos, 199 no total. Teria medido 11.78 de comprimento e 12 pés (3 metros) de altura nos quadris. 
O programa da BBC The Truth About the Killer Dinosaurs 
(A Verdade Sobre os Dinossauros Assassinos) usou um modelo hidráulico do crânio baseado no de Stan. Os testes mostraram que a força de mordida de um T-Rex girava entorno de 3 toneladas.  















BMRP 2002/04/01 (Jane): O "bebê" dentre os espécimes colhidos, descoberto na Formação Hell Creek, sul de Montana, em 2001. Os paleontólogos que apoiam a tese de que Jane representa um jovem T-Rex - e não um Nanotirano - acreditam que ele teria aproximadamente 11 anos de idade quando morreu. Seu esqueleto totalmente restaurado mede 6,5 metros de comprimento e seu peso em vida teria sido de, provavelmente, 680 kg. Seus pés grandes e pernas longas indicam que ele teria sido um ágil corredor – uma característica que podemos atribuir aos jovens, o que os auxiliaria tanto na fuga como na caça. Sua mandíbula inferior tem 17 dentes serrilhados. Apesar do nome sugerir uma "fêmea", não se tem certeza quanto ao sexo.


Há ainda outros espécimes notáveis a exemplo MOR 008 - 12.57 metros e peso de 7 toneladas - e o UCMP 137538 ; pouco maior que Sue, teria 14.5 metros e peso de 10 toneladas. Mais recentemente, em 2011, Jack Horner encontrou 5 novos espécimes de T-Rex, sendo pelo menos um destes 30% maior que Sue. As estimativas iniciais dizem que ele teria tido 16 metros e pesado algo entorno de 11 toneladas. "Poxa, então o tamanho do T-Rex tem que ser revisto?" ----- Diria que ainda não. Pouco mais de 30 esqueletos fosseis são conhecidos, em estado de conservação mais-ou-menos/ bom. A média para grande maioria é de 12-13 metros. Exemplares acima disso (como Sue e UCMP 137538) podem ser considerados casos excepcionais. Há de considerar algumas causas para indivíduos que ultrapassem a expectativa de tamanho: herança genética e mesmo sorte - sobreviver a mortalidade infantil, aos anos de chumbo posterior - podem contribuir para animais alcançarem maiores dimensões. Até que novos estudos e espécimes sejam descobertos, o tamanho médio para o T-Rex permanece na ordem dos 13 metros. 


DIETA 



A lista do que o T-Rex pode ter predado (aceitando que fosse um predador ativo) é bem diversificada. Considerando que viveu no fim do Cretáceo, na América do Norte (e Canadá), fase Maastrichtiano, pode ter caçado os bem-armados Triceratops, Torossauro e Monoclonius.




 O veloz Ornithomimus



Arte de Mark Garlick


O blindado Anquilossauro






O mau-corredor Paquicefalossauro













O ligeiro Thescelossauro




O exótico Parasaurolophus










O pacífico Coritossauro




O Hadrossauro bico-de-pato Edmontossauro




É possível que o gigante Alamossauro fosse um alvo em potencial. Se incluirmos o fator oportunista, pterossauros (quando no solo), e, talvez, em tempos de escassez, devorasse os seus semelhantes (canibalismo). Aliás, ainda com relação ao seu comportamento, nem todos estão convencidos que tenha sido um efetivo caçador. Como não podia deixar de ser, os críticos ignoraram o tamanho das mandíbulas do porte bruto e focaram atenção numa das partes anatômicas mais visíveis (ou não) do T-Rex; os membros dianteiros (braços). Como seria possível para um animal predador matar com aquilo? Os braços de 1 metro terminando em 2 dedos davam certa aparência cômica. Um braço não chegava a tocar o outro. Coçar o focinho nem pensar. Mesmo descartando o uso dos braços para segurar uma presa em luta, o T-Rex ainda possuía a força das mandíbulas. E uma vez que a mordida excedia mil quilos de força, aonde quer que mordesse o alvo, a refeição estaria garantida.



GRUPO FAMILIAR; PAI/ MÃE E FILHOTES


COMPORTAMENTO 


Assim como nossas celebridades, a vida intima do T-Rex sempre foi tema de discussão;  afinal de contas o Rei fazia o tipo anti-social ou ele teria buscado a companhia de seus iguais?


UMA COLIGAÇÃO ENTRE MACHOS: UMA FORÇA A SER TEMIDA.


Pertencer a um grupo vem acompanhado de várias vantagens, listando as seguintes:

(1) Um grupo pode ter e manter um território maior e melhor que um único indivíduo conseguiria.

(2) Um grupo pode abater presas que um único indivíduo não ousaria atacar.

(3) Num grupo há segurança, fora a capacidade intimidadora que poderiam exercer em predadores solitários, (se bem que um T-Rex sozinho já intimidava).


Vendo assim fica fácil sustentar a teoria de animais sociáveis. Agora, como opinião pessoal, acho que não era o caso. Apesar das benesses de se viver em sociedade, é justamente a partilha seu maior ponto fraco. Do ponto de vista dos machos adolescentes em busca de ascensão, nunca o conseguiriam estando num grupo (seja no qual nasceu ou no que viesse a pertencer). Penso eu que o T-Rex deve ter sido a maior parte do tempo solitário, com machos e fêmeas se juntando e formando temporariamente um grupo, cuidando dos filhotes até uma idade em que os mesmos pudessem se defende sozinhos, voltando posteriormente a sua condição solitária. Na sociedade como um todo, onde territórios se sobrepunham, invariavelmente o T-Rex deve ter lutado com outros, fosse por status ou direitos de acasalamento. Talvez isso explique a expectativa de vida relativamente curta para o Rei Tirano Lagarto não ser maior que uns 35-38 anos. Morrer de velhice era um luxo reservado a bem poucos.



INTERAÇÕES: Embora ocupasse a posição de topo dentro de seu habitat, o T-Rex não era invencível (Nem fora o único predador).


Nanotirano; também foi seu contemporâneo (ainda que aja duvidas se de fato trata-se duma espécie própria ou de um T-Rex juvenil). Aqui vamos aceitar a tese de que seja uma espécie distinta. Um membro da também família tyrannosauridae, medindo em torno de 5 metros e pesando 1 tonelada, um peso pena comparado ao seu primo, a única chance de um Nanotirano contra o T-Rex seria mesmo atacar os futuros Reis e Rainhas enquanto não eram fortes o suficiente.






Troodon: Ainda menor que o Nanotirano, o mesmo pode ter vindo a oferecer algum perigo a ovos bem como a filhotes desprotegidos.










A própria espécie, seu pior inimigo; os fósseis resgatados de T-Rex, mutilados por todo tipo de laceração, mostram o quão difícil era a convivência entre seus iguais. 






MÍDIA


Com status de celebridade, a imagem do T-Rex está vinculado a todo tipo de produto entre filmes, desenhos, HQs, livros.

  • Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, nos apresentou Horácio, um filhote órfão de T-Rex, verde e com apetite por alfacinhas.









  • Pelo aspecto impressionante não foi difícil Hollywood fazer do T-Rex um vilão. Em King Kong (1933), no coração da Ilha da Caveira, o Rei Lagarto contracena uma luta épica contra Kong, um gigantesco macaco.

       IMPORTANTE: O trio de terópodes que enfrenta o macacão no remake King Kong (2005)não são Tiranossauros. A espécie chama-se Vastatossauro Rex, uma possível linha evolutiva do T-Rex caso o mesmo tivesse continuado a existir. 


  • O T-Rex também aparece num dos clássicos de Walt Disney, Fantasia (1940). Tendo a trilha sonora de Ígor Stravinski, Sagração da Primavera, num dramático clima enfrenta um Estegossauro.

Apesar de retratado com três dedos, era um T-Rex


  • Impossível deixar de citar o filme Jurassic Park (1993) onde quase no fim do filme o Rei realiza sua mais marcante aparição, salvando os protagonistas de serem comido por dois raptores.







Em documentários que visam reproduzir o cotidiano de espécies de dinossauros, a aparição do T-Rex é quase onipresente:



Paleoworld 1997 – traduzido aqui para o Brasil como O Mundo dos Dinossauros
Episodio 1 "The Legendary T-Rex" – O Lendário T-Rex


Walking With Dinosaurs 1999 – Caminhando com os Dinossauros.
Episódio 6 "Death of a Dynaty" – A Morte de uma Dinastia.


When Dinosaurs Roamed América 2001 – Quando os Dinossauros viviam na América.


Valley of the T-Rex 2001Vale do T-Rex. Aqui o paleontólogo Jack Horner aborda o tema T-Rex Caçador, colocando sua visão do animal como um provável carniceiro.


Jurassic Fight Club 2008 – Luta Jurássica.
Episódios 2 "T-Rex Hunter" – O Caçador de T-Rex.
Episódio 7 "Biggest Killers" – Grandes Assassinos.
Episodio 11 "Raptores VS T-Rex".


Clash of The Dinosaurs 2010Choque dos Dinossauros.
Episódio 1 "Extreme Survivors" – Sobrevivente Extremo.



Last Day of the Dinosaurs 2010 – Último Dia dos Dinossauros ou O Fim dos Dinossauros.


Dinosaur Revolution 2011 – Revolução Dinossauro.
Episódio 4 "End Game".




  • É pouco provável que o T-Rex tenha coexistido com o Dromaeossauro, como retratado no episódio 11 de Luta Jurássica. Ambas as espécies estavam separadas pelo fator tempo: Campaniano - Dromeossauro - Maastrichtiano - T-Rex. Também é pouco provável que tenha visto o enorme crocodilo Deinosuchus.